“Seu filho nunca convulsionou? Que sorte!” É uma frase que ouço desde sempre, e outras mães que estimulam seus filhos começam a escutar associando sorte ao processo de ausência dos sintomas de convulsão.
Neste caminho de mais de 20 anos em 2017, pude constatar a opinião dos diversos médicos que consultei, depois corroboradas por pesquisas no Google Acadêmico. Hoje, em 2018 não existe ainda uma medicação que cure o TEA. Existem medicações para controlar ou minimizar os sintomas, fabricados para adultos, testados em adultos por curtos períodos de tempo e que ainda não foram testados com segurança por instituições independentes, idôneas e respeitadas em pesquisas de longo prazo; para uso em crianças, em idade que o cérebro mais se desenvolve. Sem este respaldo, eu nunca consegui dar nenhum “tarja preta” para meus filhos.
Não que eu não desejasse a maravilhosa pílula de prata, para acabar com todos estes sintomas e que ele acordasse ”neurotípico” na manhã seguinte. Pelo contrário, como eu desejei este comprimido mágico! Só que ele não existe, então optei por me aprofundar no estudo do funcionamento do cérebro.
Pode parecer uma coisa óbvia o que vou falar em seguida, mas correndo este risco de parecer óbvia: O cérebro não sente dor. Em todos os processos inflamatórios do cérebro, não há percepção de dor, até mesmo em encefalites, hidrocefalias e outros processos que incham e inflamam o cérebro, não existe o alerta da dor. As dores de cabeça, na realidade são dores na cabeça e nunca no cérebro. Isso é tão notório, que a maioria das cirurgias do cérebro são feitas com paciente acordado. Porque mesmo sendo responsável pelo processamento da dor no corpo inteiro, o órgão cérebro realmente não sente dor.
Assim, quando existe algo de errado no cérebro, temos sinais de alerta difusos, as manifestações são geralmente periféricas, tontura, vertigem, incapacidade de andar em linha reta ou formar uma frase com sentido podem ser sinais que sugerem um AVC.
Convulsões então, vistas por esta perspectiva podem ser interpretadas como um alarme do cérebro de que algo errado está acontecendo. Baixa oxigenação, baixa hidratação, ingestão de metais ou produtos neurotóxicos que danificam as sinapses ou o tecido cerebral, etc…
Um estudo recente do Centro Médico da Universidade de Columbia, observaram que as quantidades de dendritos nos neurônios era maior em crianças com autismo do que em crianças “neurotípcas”. Os dendritos ramificam-se de um neurônio e recebem sinais de outros neurônios através de conexões chamadas sinapses, de modo que mais dendrites indicam mais sinapses.
No desenvolvimento saudável do cérebro, há uma explosão de sinapses muito cedo e depois tem início um processo de «poda» (diminuição das sinapses). Esse processo é necessário para assegurar que diferentes áreas do cérebro possam desenvolver funções específicas e não fiquem sobrecarregadas de estímulos.
Este estudo indica que o processo natural e fisiológico chamado de “poda” não acontece nos autistas da mesma forma que acontece nos neurotípicos. Assim, estímulos que os neurotípicos conseguem lidar com tranquilidade, para os autistas causa grande sofrimento.
Como isso pode ser promovido com segurança? Com os mesmos processos que fazem isso acontecer em bebês e crianças muito pequenas , sendo feito com os portadores de TEA, pode ajudar e muito, a reduzir o número de sinapses e trazer maior conforto e qualidade de vida para os portadores de TEA e famílias.
Os programas do Instituto para Desenvolvimento do Potencial Humano (IAHP) de Philadelphia e Institutos Véras no Brasil, trabalham nesta proposta, de reorganizado cérebro, através de programa fisiológico, motor, sensorial e de inteligência, para ajudar as mães neste caminho de tornar o filho neurotípico, sendo que este, o da maturação neurológica, é o caminho natural do cérebro.
E aqui, retomo a minha observação sobre os “tarjas pretas”. Os neurotípicos para se desenvolverem não os utilizam, então o caminho me parece ser o mesmo que os neurotípicos fazem, só que com maior necessidade de estímulos para fazer acontecer o que é natural e fisiológico.
É um caminho trabalhoso? Um tanto, mas bem menos doloroso do que continuar assistindo as crises que ele tinha antes. E assim, a vida continua a melhorar…